E eis que, de vez em vez, resolvo me dar algum tempo.

Saudades

Vejo o dia exato como ele é,
Tarde de saudades cinza paulistana,
Filo um cigarro e subo a Cardoso de Almeida,
Assisto ao desfile de York Shire´s,
Conduzidos pelas belas madames anorexas das perdizes,

Uma garoa fina me toma por dentro,
Me vejo só, perdido em meu conhecimento,
Anseio por algo que nunca tive,
Anseio com a fúria de quem ama,
Coisas que nem sei que são...

Tenho medo...
Tenho medo dos homens,
Tenho medo dos porcos de fardas,
Tenho pavor de Hebes Camargos,
E de Willians Bonners...

Me sento a sombra,
Enquanto aguardo meu querido Pedra Branca 177P
Vejo uma linda garotinha saindo da padaria Perfil,
(Velásquez moderno)
Comendo pão de queijo,
Com a boca lambuzada de requeijão,
E com as mãos seladas ás de sua mãe,

Quisera eu ser como ela,
Livre da moral,
Estéticas,
Verdades...

Novamente me perco em razão,
Sou observador de mãos atadas,
Preso em meu silêncio,
Melancolia caótica da terra da garoa,

Meu ônibus chega,
Me desfaço do cigarro,
Vou me embora,
Vou para casa...