Imagem de um luar



O tempo não deu conta,
ele se fez curtinho por demais,
mas de tudo ficou um pouco...

ficou um pouco do luar,
que agora só se colore em lembranças,
que não me bastam em saudades...

ficou um tanto do olhar,
que fotografei no momento,
com a pretensão de ao menos por instantes,
eternizar o que me enchia de essência...

ficou um pouco,
do meu medo, dos teus beijos,
do seu gosto, do teu sopro...

ficou um pouco de mim,
esqueci de trazer de volta,
não dei conta de recolher todas as lágrimas,

As palavras que não sabiam se usar,
A ansiedade néga qualquer respiração,
acelera o coração,
e me ofusca a razão...

As noites são vazias demais,
e os dias se passam por tão longos...
não existe mais sentido algum no céu,
que antes me beijava, e me enchia de amor...

Me tenho de saudades absurdas,
cada minuto se torna eterno quando fecho os olhos,
o gosto da água não é o mesmo...

Ficaram as marcas no braço,
no pescoço...
mas as do peito não hão de sair tão cedo,
não quero que assim seja...

Ficou a falta de tí...
e o cheiro angustiante que a saudade pinta,
a sua voz que insiste em me chamar,
mesmo na mais certa ausência,

Acorrentei em meu coração,
todos os abraços, as mãos que se davam
que se conduziam, sem levar em conta a direção
nem a ocasião...

Todas as múicas não cantadas,
e os toques que se faziam e desfaziam...
o delicado frenetismo dos lábios,
que se laçavam...

Ficaram os azuleijos do banheiro,
A cama que agora vazia, ficou tão grande,
o corredor escuro, com jeito de amor consumado,
e todas as geometrias dos corpos, que agora
estão tão longes do toque...

O angústiante cheiro da saudade...
ficou um muito de você...
que me faz chorar feito criança,
criancinha, inha, inhazinha...
desorientado...

Meu sentido é existir junto a você,
e nada mais me faz querer outra coisa, que não
o velho brilho do luar,
que um dia meus olhos beijaram,
numa noite suada...

Fantasio o dia que,
eu não tenha que dizer tchau,
(dores sobrehumanas se fazem no despedir)
mas sim, boa noite...

Alguns desejos permanecem,
são sinceros...e existem por sí só,
sobrevoam...
longe de qualquer compreesão,
e se fazem de amor.




Não tente entender,
apenas respire.