Despedida do amor inacabado


Olhe...
Recolha os pedaços do amor despedaçado,
re-olhe,
Cama tão grande e sozinha
Travesseiro dolorosamente ajeitado,

As palavras fogem,
pregam peças,
desesperadas...
Não mais me encontro
Tu és plena ausência,
E me sou tão errado, inteiro solidão,

O tempo é méra sutileza,
que passa sem razão,
As palavras são formalidades,
que não dão conta do coração,
Os olhares tão profundos,
que no escuro se confessam
toque macios, precisos...
doce encontro e desencontro,

Momento que brincou de infinito,
Mas que nos braços de um qualquer amanhecer,
se encontrou um fim...

E os corações brincaram,
os sorrisos nunca foram tão sinceros...
e o amor refletia nas pupílas marejadas,
respirações dilaceradas,

hoje,
a chuva nunca se fez tão pesada,
despedidas dolorosas,

nos damos conta das mentiras
que sonhamos para evitar a saudade...
as bocas não mais se pertencem,
e se fazem perplexas
mergulhadas no submisso desespero,

A vida se despede do nunca mais amor,
não existem mais heróis, nem lágrimas,
ficou a dor...

E é assim...
como vc disse que seria,
sem glórias e céus coloridos,
sem a piedade dos olhos,
sem desejos e amores...
sem a paixão que me torna mais homem,

olhe,
recolha os estilhaços do amor inacabado,
e nada mais interessa...
lógicas já não cabem em compreenção alguma,
e as palavras se dão por terminadas
cansadas...

O amor se despede,
se despede...
vira história de poema triste,
e nele pulsa,
eterno, como já se foi.