domingo, outubro 01, 2006

Ode aos desiludidos do amor


Ah, meu amor...
Hoje o dia será frio!
A metereologista disse
Que choverão suicidas dos edifícios!
Seus pousos serão breves,
As bolsas de valores quebraram,
Os corações faliram...


Aos que ficam,
Restam secas lágrimas,
De vazio e indiferença,
Não souberam amar...


Mas não chore, meu amor,
Hoje é dia de natal,
Ceias gordas acalentam,
Nosso desespero,


Os chefes de família,
Desferem tiros contra o peito,
Se encerraram as luzes
E se acenderam os vagalumes...


Ah meu amor, vão ficando
Os desencontrados de amor,
Vão morrendo os desiludidos...


E essa garoa fina,
Que me deixa tão menor,
Desfaz qualquer sol de verão,
E me enche de nuvens o coração,


Mas meu amor, não se preocupe
Os anos hão de passar,
E as crianças vão brincar na chuva de verão,
Os jovens buscarão seu amor,
Os homens encontrarão sua coerência inerte...


De Mim, pouco resta..
Nada mais me resta...
Um pouco do que não foi,
Nostalgia do não mais,


Num poema simples de tristinho,
Me esqueço um pouco de mim,
E cheio de seda e conformismo,
(mentira)
aceito o pouco gosto de amor,
minha vida tem o tempo de um cigarro,
de um câncer mal aceito,
de inexatas vontades...


Mas não se desespere, meu amor
Poesia besta é feita para nada,
Por nada...
E hoje o dia será frio,
O sol não há de arder,
Choverão desiludidos dos parapeitos,
E não há previsão para se amar,
Onde o amor se perdeu de si mesmo,
Obra de arte sem finalidade,
Tão pobre de criador,
E tão triste de entendimento...



 

6 comentários:

Anônimo disse...

Pô cara, sempre que leio teu blog sinto um cara tentando desabafar, o que ninguém consegue entender. Tipo um cara incompreensivel! Saca? =)

Demais aquele trecho: De Mim, pouco resta..

"Nada mais me resta...Um pouco do que não foi..Nostalgia do não mais.."

Enfim, bjs man, cuide-se rapá!

Anônimo disse...

"Num poema simples de tristinho"

Óóóó que fofeeeenho!!! hshs

Abraços, bossa

Isadora Ferraz disse...

eis!! encherguei o lorca!! achei mesmo ele a sua cara, que bom que vc esta lendo!!
adoro suas palavras e seu sarcasmo, meu caro!

no final não sobra nada..nem as palavras que de início formavam o poema conseguiram sustentá-lo quando este se termina...veja bem, para mim, foi mais como uma quebra da poesia, uma-poesia-não-poesia!!...acho que to viajando..mas eh coisa boa, quando a gente viaja, pq tocou de algum modo eu, ne?! haha!!

bjos,
isa

Clara Mazini disse...

É por isso que sempre que eu penso no homem, o vejo como alguém feito não só de matéria, mas da sua falta. E sempre me parece que ele não consegue lidar com nenhum dos dois, muito menos encontrar um equilíbrio em sua própria composição.
As pessoas são caóticas e apaixonates. Que venham as chuvas de suicidas - liricamente, ao menos. rs.

Anônimo disse...

AMEI!!

eu adoro sempre oque vc escreve , adoro a sua cobinaçao de palavras com sentimentos

Ana Cecilia Reis disse...

Poético e sensível.

Do tipo que dá vontade de perguntar quem é você.