Meu amor, amor
A falta já não me faz falta,
No mais profundo âmago
De algo que já não sei se é,
Nem o que é...
O ar tem cheiro de dor e solidão
Quando se é estranho a si mesmo,
E já não existem palavras e gestos,
Que exprimam o que você é.
Dói por que não é familiar,
Dói por que não é...
O estranhamento é poesia,
É angústia sem nome,
É ser no mundo,
É ser mundo,
Imundo,
Me inundo a alma,
De paixão e oceano,
Sou torrão de terra,
E continente...
Sozinho eu me encontro mais,
Na solidão encontro paz...
No violão:
Lágrimas em mí,
Chorinhos para ti,
É o fenecer do amor inacabável,
Aceitar a finitude das coisas,
É aceitar nossa própria finitude...
As luzes estroboscópicas da cidade
Não me dizem nada,
Ando sem nenhum sentido,
Sem ter tido...
Aceito minha sombra,
Quando vejo que “s´agabô”.
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